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Que dia é esse? 23/11

Atualizada em 23/11/2011 13:57
"Julguei conjurar tão temerosa crise, pela dissolução do congresso, medida que muito me custou a tomar, mas de cuja responsabilidade não me eximo. As condições em que nestes últimos dias, porém, se acha o país, e o desejo de não deixar atear-se a guerra civil em minha cara pátria, aconselharam-me a renunciar o poder. E fazendo-o despeço-me dos meus bons companheiros e amigos que sempre me conservaram fieis e dedicados, e dirijo meus votos ao Todo Poderoso pela perpetua prosperidade e sempre crescente florescimento do meu amado Brasil."
(Capital federal, 23 de novembro de 1891)

Com essas poucas palavras em uma carta de próprio punho Manuel Deodoro da Fonseca, renuncia à presidência do Brasil.

O governo de Deodoro era provisório, uma vez foi escolhido para ser o primeiro presidente do Brasil por ser o líder do golpe que derrubou o Império de D. Pedro I. O militar tinha iniciado o seu mandado há menos de dois anos, porém erros como a emissão desenfreada de papel moeda e a sua falta de traquejo político para negociar questões políticas importantes levou-o a ser pressionado fortemente por políticos liberais.

Uma vez que o Brasil passava a ser República era necessário uma constituição adequada a esse sistema de governo. Para tal, Deodoro enquanto presidente, deveria formar uma Assembleia Constituinte que ficaria responsável por redigir o conjunto de novas leis e realizar eleições que escolheriam um novo líder para a nação.

Porém o Marechal, que não queria deixar o poder, retardou ao máximo a escolha dos integrantes dessa Assembleia. Apenas no dia 7 de setembro de 1891 foram escolhidos os integrantes que formariam esse grupo. Nos três meses que se seguiram a Assembleia discutiu e afinou um texto já pré-estipulado sobre as normas da nova Constituição Brasileira.

O novo conjunto de leis estabeleceu que a República deveria ser dividida em três poderes, que o próximo presidente deveria ser eleito através do voto direito e que todos os homens alfabetizados e maiores de 21 anos tinham direito de participar da eleição.

Utilizando-se de uma manobra política, Deodoro conseguiu ser eleito novamente, porém com a condição que deveria dividir o poder com o Congresso Nacional. O presidente eleito naturalmente autoritário não concordava e muito menos aceitava essa imposição.

Diante disso o Congresso pos em discussão um projeto que limitaria os poderes de Deodoro da Fonseca. Em resposta o presidente decreta Estado de Sítio e dissolve a Assembleia.

Autoridades de estados como Minas Gerais e Pernambuco se indignaram e começaram a se mobilizar contra o Marechal. A gota d’ água aconteceu quando os trabalhadores da Estrada de Ferro da Central do Brasil entraram em greve.

Uma verdadeira onda de insatisfação desorganizada tomou conta do país. Até mesmo os militares estavam descontentes com a situação e se organizaram para um golpe político.

Em 23 de novembro de 1891 o almirante Custódio de Melo levou uma frota de navios de guerra até a Baía de Guanabara, o Rio de Janeiro era a capital do governo e todos os edifícios importantes estavam localizados lá, e ameaçaram bombardear toda a cidade se Manuel Deodoro da Fonseca não renunciasse. Por medo de uma guerra civil, o Marechal abandonou a presidência.

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