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O Sesi recuou. Mas ainda é muito pouco!

Atualizada em 03/11/2015 16:49

atualizado em 06/11/2015, às 19h50

Em carta divulgada dia 03/11, o Sesi-SP comunicou o recuo em duas das decisões anunciadas no mês de outubro: o fechamento de classes do 1º ano do Fundamental nas unidades externas e o fim das vagas de cursos técnicos, no ensino articulado Sesi/Senai, oferecidas aos alunos do nível médio. O comunicado foi assinado pelo diretor de Educação e Cultura do Sesi-SP, Fernando Antonio Carvalho de Souza.

Esse recuo ocorre num momento em que aumenta a pressão dos sindicatos e dos professores contra os cortes, o fechamento de classes e a demissão de professores no Sesi e no Senai.

A decisão de manter as vagas nas unidades externas e nos cursos técnicos são, contudo, insuficientes. O fim da escola de tempo integral no Fundamental II (do 6º ao 9º ano), se mantido, trará consequências perversas para toda a comunidade do Sesi – alunos, professores e pais.

Também pesam contra o Sesi o o Senai denúncias do autoritarismo na atribuição de aulas e da pressão sobre os professores diante da ameaça de demissão em massa, decorrente do fechamento de vagas e da reestruturação curricular.

Denúncias de demissão e de assédio moral dominam audiência pública

Um clima de grande indignação dominou a audiência pública realizada no dia 06/11, na Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado Carlos Giannazi (PSOL).

Na porta da Assembleia, um pato gigante dentro de uma caixa preta ironizava a campanha do Paulo Skaf e lembrava que é preciso investigar onde são gastos os recursos do Sesi e do Senai.

O evento contou com mais de 300 participantes, entre professores das duas instituições e dirigentes sindicais de todo o Estado. Embora convidados, o Sesi e o Senai não enviaram nenhum representante. A ausência foi duramente criticada por Celso Napolitano, presidente da Fepesp e diretor do Sinpro-SP: “O Sesi e o Senai, mais uma vez, deixarão de explicar publicamente as medidas que estão sendo anunciadas". Ele ainda voltou a cobrar transparência e a abertura da ‘caixa preta’.

O presidente do Sinpro-SP, Luiz Antonio Barbagli, também exigiu transparência. Ele lembrou que a truculência do Sesi pode dar um ideia do que ocorrrerá na próxima campanha salarial. "Se permitirmos que a Fiesp faça cortes sem prestar nenhuma justificativa, como vamos responder às investidas dos patrões contra os direitos dos professores?”, questionou.

O deputado Carlos Giannazi criticou a política do Sesi e do Senai. Ele afirmou ser necessário um maior controle sobre os recursos do Sesi e do Senai e se comprometeu a exigir explicações na Comissão de Educação da Assembleia Legislativa. “Vamos lutar para que todas as vagas sejam mantidas e nenhum professor seja demitido”.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, questionou a necessidade de cortes. Ele afirmou que, entre 2011 e 2015, as indústrias foram beneficiadas por mais de R$ 400 bilhões em desoneração.

Vários professores se revezaram para denunciar a pressão e o autoritarismo que estão sofrendo. Há casos, por exemplo, de professores que foram ‘informados’ de que suas aulas serão transferidas para um docente de outra unidade. Houve também denúncia de fechamento de classes da EJA.

Um professor do Senai de Santana de Parnaíba deu um comovente testemunho de sua demissão, logo após ter questionado os critérios subjetivos de um processo seletivo interno.

Em comum a todos os presentes ficou o compromisso de lutar pela manutenção de todas os cursos, em especial do tempo integral e contra o assédio moral e a truculência com que os professores têm sido tratados.

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