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Golpes usam app da Caixa para roubar saque emergencial de FGTS

Atualizada em 19/10/2020 19:03

Atualizado em 28 de outubro, às 10h30

Uma mensagem no WhatsApp sugere ao trabalhador que talvez ele tenha direito ao saque do FGTS e oferece um link para consulta. Ao clicar, uma página que leva o nome da Caixa Econômica Federal solicita alguns dados pessoais. Tudo muito comum, não? Mas na verdade é este é o início de um dos golpes que roubaram milhares de pessoas.

Em abril o governo editou a medida provisória 946 que, sob o pretexto de injetar valores na economia, retirou compulsoriamente valores do Fundo de Garantia. Esta foi a segunda vez em menos de 12 meses.

O chamado ‘saque emergencial’ transferiu de contas ativas e inativas até R$ 1.045,00 por titular. O dinheiro seguiu diretamente para uma Poupança Social Digital, aberta de forma automática pela Caixa. Já a liberação do crédito acontece em dois momentos, de acordo com um calendário baseado na data de nascimento do trabalhador.

Inicialmente os valores disponíveis podem ser utilizados para o pagamento de boletos, contas de serviços e compras em estabelecimentos, tudo pelo app Caixa Tem. Posteriormente, é possível transferir o dinheiro para outros bancos ou sacar o valor em espécie, ambos utilizando um código gerado pelo aplicativo. 

 

Fácil até demais

Para qualquer movimentação é necessário fazer um cadastro e registrar uma senha no Caixa Tem. Os dados solicitados são simples: CPF, nome completo, data de nascimento, CEP, número de celular e e-mail (este último serve para confirmar a veracidade das informações fornecidas). Na tentativa de facilitar o uso do app, a Caixa acabou por deixar ao acesso ao app bastante vulnerável.

As informações solicitadas pela Caixa muito se assemelham àquelas que qualquer indivíduo fornece para um cadastro em uma loja ou uma compra online. Ou seja, o perigo é ainda maior. E há também de se considerar as “empresas” que vendem dados pessoais de usuários.

Com isso em mãos, os criminosos se passam pelos trabalhadores, se cadastram no Caixa Tem, utilizando um novo e-mail. O verdadeiro titular da conta só percebe que caiu em um golpe quando tenta acessar o sistema e descobri que já existe um cadastro com aquele CPF.

 

Golpe via whatsapp

Outra mecânica utilizada para roubar os dados dos trabalhadores e fraudar o saque emergencial do FGTS são links maliciosos enviados pelo WhatsApp. Ao clicar na mensagem o trabalhador é direcionado a uma página que simula a interface do Facebook e usa o nome da Caixa para solicitar os dados pessoais do usuário. Após a vítima preencher campos a página informa que para finalizar o cadastro é necessário compartilhar o link falso com outros contatos.

Segundo um levantamento pelo PSafe, mais de 100 mil usuários já foram vítimas do golpe.

 

Como descobrir se o dinheiro foi roubado

Infelizmente a única maneira de saber se o trabalhador foi vítima de algum golpe ou fraude é baixando o Caixa Tem. Só após o cadastro e a confirmação via e-mail é que o verdadeiro usuário pode ter acesso ao saldo e ao extrato que exibe toda e qualquer movimentação na Poupança Social Digital.

Mesmo no extrato completo do FGTS, que pode ser acessado pelo site da Caixa, não é possível saber se o trabalhador foi vítima. A única informação que consta é do valor, de até R$ 1.045,00, que foi sacado da conta do Fundo de Garantia e transferido para a Poupança Social Digital.  O saque do valor pode ser fracionado (veja na imagem abaixo).

 

 

Aposentados

Quem é aposentado pode movimentar o saldo do FGTS a qualquer momento e, por isso, não teve o valor transferido para a Poupança Social Digital 

 

Orientações da Caixa

A recomendação oficial da Caixa é que os trabalhadores utilizem apenas os canais oficiais do banco para informações sobre o saque do FGTS.

Já para quem teve o dinheiro roubado, a orientação é que compareçam à agencia mais próxima para denunciar a fraude.

 

Desfazimento: como solicitar

Quem não quiser sacar ou utilizar o saque emergencial do Fundo de Garantia pode solicitar o desfazimento da operação. De toda forma, se não houver movimentação na Poupança Social Digital até 30 de novembro o dinheiro retornará, já corrigido, para a conta original do FGTS, sem prejuízo para o trabalhador.

É importante lembrar que o desfazimento não pode ser cancelado após ser concluído.

1. Abra o site do banco www.caixa.gov.br/extrato-fgts, preencha seu CPF, marque "Não sou um robô" e digite sua senha.

2. No menu inicial, vá até a opção "Saque Emergencial FGTS". 

3. Na parte de baixo da tela, estarão indicados o valor que foi transferido e o número da conta poupança social digital. Aperte a opção "Solicitar o desfazimento" e, depois, em "Continuar". 

Após a confirmação do pedido, o dinheiro deverá retornar à conta do FGTS em até 30 dias. Se o trabalhador usou parte do dinheiro, a Caixa não fará o desfazimento e valor restante se manterá na poupança social digital.

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