Coronavírus

Pesquisa faz uma radiografia do trabalho docente da rede privada na pandemia

Atualizada em 18/05/2021 15:36

Aumento da carga de trabalho, pouco suporte das escolas e atividade remota feita com recursos e meios próprios – notebook, banda larga, celular etc. Essas são algumas das conclusões reveladas na pesquisa “Docência na Educação Privada em Tempos de Pandemia”, realizada pelo Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente da Universidade Federal de Minas Gerais (GESTRADO/UFMG), com a coordenação da professora Dalila Andrade Oliveira. O trabalho teve o apoio da Contee e de seus sindicatos, inclusive o SinproSP, que contribuíram na divulgação e engajamento dos professores.

A amostra reuniu 2934 professores, com dados coletados entre 20 de julho e 27 de agosto. O questionário on line abordou condições e percepções sobre a nova forma de trabalho, formação dos professores para executá-lo, apoio (ou não) das escolas e relação com alunos.

Em casa e com muita sobrecarga

Os resultados apontam que os professores, embora já fizessem uso de tecnologia, tiveram que se organizar rapidamente para uma forma nova de trabalho: quase a totalidade (96,5%) passou a lecionar por meio remoto e a maior parte em sua casa. Apenas 4,1% dos respondentes afirmaram ter realizado as atividades a distância na escola.

O aumento das horas de trabalho foi sentido de forma muito acentuada em todos os níveis de ensino. Atingiu mais de 90% dos professores do Fundamental I e II e no ensino médio. Na educação infantil, a percentagem foi um pouco menor, mas ainda bastante elevada: 82,1%.

Outro aspecto merece destaque: mais de 90% dos respondentes afirmam trabalhar com meios próprios. Pouco menos da metade precisa ainda compartilhar os recursos com pessoas no domicílio, o que, naturalmente, dificulta o trabalho.

Os empregadores não se responsabilizam por fornecer equipamentos como notebooks, celulares e banda larga: apenas 3% dos professores afirmaram ter recebido ajuda de custo para aquisição de equipamentos! O “apoio” das escolas ficou mais restrito à disponibilização de plataformas educacionais e materiais impressos para professores e alunos

Relações de trabalho

O impacto da pandemia não se deu somente na maneira de dar aulas, mas foi sentido também nas relações de trabalho. Em 2020, muitas escolas aplicaram as medidas provisórias 936 (redução de jornada e salário) e 927 (flexibilização de direitos). Assim, houve redução de salário/jornada de trabalho para um quarto dos professores e antecipação das férias para 38%.

Como reflexo, 49% dos professores mostraram apreensão pela perda de direitos e 45% afirmaram temer o desemprego. 76% falaram da insegurança devido à indefinição em relação ao retorno da normalidade e 60% citaram a angústia em relação ao futuro. A maior parte não recebe apoio psicológico ou emocional.

O relatório técnico com esses e outros dados é de outubro de 2020, mas foi disponibilizado agora. Vale a pena ler o documento na íntegra, que o SinproSP divulga aqui.

DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA PRIVADA EM TEMPOS DE PANDEMIA

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