aulas presenciais

A luta dos professores da PUCSP por condições de trabalho e segurança

Atualizada em 21/03/2022 20:37

Professoras e professores da PUCSP iniciaram o ano letivo engajados numa luta justa: queriam o adiamento das aulas presenciais, marcadas para o dia 03 de março, para que o retorno fosse feito de forma mais planejada e com segurança para todos.

Diante da negativa da reitoria, a Apropuc e o SinproSP fizeram o mesmo pedido de adiamento no Tribunal Regional do Trabalho, mas não obtiveram liminar. A ação segue no TRT, à espera do julgamento.

O SinproSP publica aqui a reportagem publicada no jornal PUCviva (edição nº 1140, 18 /03), que detalha os problemas enfrentados e a luta – que continua - por condições seguras de trabalho.

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QUE REINÍCIO É ESSE!?!*

Mais uma semana confusa na PUC-SP: professores, funcionários e estudantes advertiram durante as férias para os riscos que corríamos numa volta prematura e sem uma infraestrutura adequada. No entanto os gestores não ouviram a comunidade e o resultado é o que vemos agora: salas lotadas e sem ventilação adequada, protocolos sanitários pouco observados, limpeza deficitária, entre outros problemas.

Os docentes e funcionários sentiram na pele as consequências de um retorno atabalhoado e se debatem contra a falta de equipamentos de informática, emprestados durante o período mais crítico da pandemia e que até agora não voltaram. Mesmo os docentes que se dispuseram a trazer seus equipamentos de casa enfrentaram problemas como a inexistência de cabos e conexões adequados para seus notebooks. A correta obrigatoriedade do uso de máscaras faz com que os docentes sofram percalços para ministrar aulas de duas ou três horas com dificuldades respiratórias e sem poderem usar microfones. Ironicamente parece que estamos voltando para o famoso esquema "GLS", Giz, Lousa e Saliva.

As classes muitas vezes lotadas, por questões de economia não são divididas e, em um verão atípico como o atual, o calor faz com que a insalubridade das classes seja uma constante: boa parte das salas não têm ar condicionado e tiveram seus ventiladores desligados, tornando a atmosfera das salas irrespirável. Aqueles laboratórios que possuem esse equipamento são obrigados a permanecer com as portas abertas, o que inviabiliza qualquer refrigeração do ambiente.

LIMPEZA DO CAMPUS

Existe a nítida sensação de que as equipes de limpeza terceirizadas não foram dimensionadas corretamente para a nova situação, o que faz com que alguns espaços, como os banheiros do campus Monte Alegre, tenham uma qualidade de limpeza crítica, o que, em tempos de cuidados sanitários é extremamente grave. Em vários momentos foi constatada a falta de papéis absorventes para enxugar as mãos e até mesmo sabonete líquido e papel higiênico. Cabines fechadas contribuem para o uso extremo de duas ou três cabines sanitárias, tornando a situação nos banheiros insustentável. Para complicar a situação nestes primeiros dias de aula, a chuva alcançou níveis acima das médias históricas e mostrou uma universidade despreparada para enfrentar as consequências de alagamentos e goteiras em várias salas de aula e de trabalho dos funcionários. Era comum nestes dias ver-se os funcionários da limpeza no trabalho insano de retirar a água empoçada nas salas e corredores.

Por outro lado, a adaptação do espaço físico do campus Monte Alegre à nova circulação da comunidade ainda é complicada uma vez que, no Prédio Novo, por exemplo, impede-se que pessoas com dificuldade de mobilidade utilizem os elevadores da garagem.

Professores vêem agravado um problema crônico que é a falta de espaços adequados para que nos intervalos possam descansar, se alimentar ou se prepararem para a aula seguinte, bem como para manter um contato com seus colegas de trabalho.

Os estudantes bolsistas conseguiram uma "vitória de Pirro" ao obrigarem a Fundasp a conceder-lhes refeição, uma vez que os restaurantes estavam fechados. Mas, por outro lado, tiveram de se submeter à constrangedora situação de se alimentarem com marmitas cedidas pela instituição ao longo dos corredores da universidade e na Prainha, novamente causando aglomeração desnecessária. Se tantos restaurantes conseguiram manter distanciamento social em seus espaçõs, atendendo menos pessoas por turno, por que o restaurante universitário da PUC não conseguiu esse feito?

INSEGURANÇA

A insegurança na parte externa da PUC-SP, no bairro de Perdizes, também tem se constituído em outro grave problema. Nesta semana fomos informados sobre o assalto de uma estudante em frente ao Prédio Novo. Outros furtos foram presenciados anteriormente por professores, estudantes e pedestres nestas duas semanas. O grupo de Facebook Viva Perdizes, que se notabilizou por reclamar do barulho da PUC-SP, tem agendado constantes reuniões com as autoridades policiais para tratar da questão.

Esse problema com a segurança, que, em número reduzido não está adequada ao cotidiano da universidade, fez com que portas e elevadores da garagem permanecessem fechados, dificultando o acesso de pessoas com problemas de locomoção pelo espaço da PUC Perdizes. Já no Prédio Velho a interdição da rampa de acesso à Monte Alegre, obriga à utilização de uma escada de difícil acesso para pessoas com dificuldade de mobilidade, provocando em alguns horários congestionamentos de usuários e consequente aglomeração. MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Por tudo isso o Ministério Público do Trabalho solicitou, a pedido da APROPUC e SINPROSP, uma reunião com os gestores, Fundasp e Reitoria, para ouvir e se inteirar das queixas dos docentes. A reunião deve acontecer nesta segunda-feira, 21/3*, e até lá as condições de insalubridade e insegurança da universidade devem persistir.

(1) Jornal PUCviva , nº 1040, 18 de março de 2022

*Nota do SinproSP: a citada reunião no dia 21 de março ocorreu. Será tentada uma nova negociação extrajudicial visando a manutenção de aulas remotas para os professores com comorbidades, o fornecimento de m[ascaras pff2 e a exigência de comprovação de vacinas para o ingresso nos campi. A ação na Justiça, contudo, continua.

 

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