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O ministro vassalo de um governo sem escrúpulos

Atualizada em 22/03/2022 19:06

Pouco importam as explicações do Ministério da Educação e do Palácio do Planalto sobre as gravíssimas denúncias de intermediação de recursos públicos por dois pastores ligados à Assembleia de Deus, Gilmar Santos e Arilton Moura. Serão sempre desculpas esfarrapadas, incapazes de justificar o que salta à vista de todos.

Segundo reportagens dos jornais Estadão e Folha de S. Paulo, os pastores teriam conseguido liberar quase R$ 10 milhões desde 2021. Uma espécie de gabinete paralelo definia, por critérios nada republicanos, quem teria prioridade na alocação dos recursos: “os amigos do Gilmar”, disse Milton Ribeiro, na mesma gravação em que admite ter atendido a um pedido de Bolsonaro.

É possível que essas denúncias tenham sido alimentadas pela disputa dos vultosos recursos públicos distribuídos pelo FNDE, hoje na mão de outra raposa chamada Centrão. Nada, porém, reduz a gravidade dos fatos. Eles precisam ser investigados com profundidade e todos os envolvidos devem ser punidos nas esferas administrativa e judicial. Mas isso não é suficiente.

Desde 2018, o Ministério da Educação tem sido destruído por interesses ideológicos, econômicos, políticos e – não tenham dúvidas – eleitorais. Se agora há mais luz sobre o uso de recursos públicos, não podemos esquecer também as outras gestões do MEC no governo Bolsonaro, todas elas manchadas pelo desprezo à Educação e à Ciência, aparelhamento dos órgãos, ofensas e acusações infundadas dirigidas a professores, comentários preconceituosos contra determinados grupos sociais. Enfim, gestões que tentaram impor uma visão de mundo retrógrada e violenta.

Não há diferenças entre Veléz, Weintraub e Ribeiro. São todos personagens grotescos, vis, dispostos a fazer qualquer coisa para bajular o chefe imediato. Por isso, a tragédia do MEC não acabará com a substituição de Milton Ribeiro. É preciso que o “basta” definitivo venha das urnas, em outubro de 2022.

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