Ensino superior

Alunos da Belas Artes protestam contra propaganda política do reitor

Atualizada em 06/10/2022 18:43

Estudantes do Centro Universitário Belas Artes decidiram manifestar-se contra o reitor Paulo Antonio Gomes Cardim que, num blog do site da faculdade, defendeu a reeleição do atual presidente. Um ato está marcado para a sexta-feira, 07/10, às 18h, em frente à faculdade. A notícia foi publicada no jornal Folha de S. Paulo e na Revista Fórum.

No mais autêntico bolsonarismo raiz, o reitor chama o Sars Cov-2 de “vírus chinês”, qualifica o isolamento social em 2020 de” irresponsável”, usa termos pouco elogiosos contra movimentos sociais e sindicatos e trata os cortes na área da cultura como “eliminação de panelinhas que viviam nas tetas do erário”. Por fim, descreve um país imaginário que só existe no marketing eleitoral de Bolsonaro. Diante da repercussão negativa, o texto foi retirado do blog.

Cardim tem o direito de expressar suas convicções políticas pessoais, mas não na plataforma de uma instituição de ensino sem fins lucrativos, apesar de o blog destinar-se a expor “opiniões pessoais” do “dono” da faculdade.

A postagem no blog, porém,revela ainda um fato ainda mais grave. Segundo a Folha de S. Paulo, um professor afirmou que mensagens de natureza eleitoral já vinham sendo enviadas.

Cardim é patrão e mantenedor e não pode se valer dessa condição para usar a estrutura da instituição de ensino e importunar os empregados com propaganda eleitoral, seja qual for o partido. Afinal, professores e funcionários mantêm vínculo de emprego com a Bela Artes e a comunicação da empresa deve limitar-se à relação profissional.

O Centro Acadêmico Joan Villà, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Bela Artes, publicou uma nota de protesto em seu perfil no instagram, lembrando que “há muitos anos, essa mesma reitoria silenciou manifestações políticas por parte de entidades, professores e até mesmo da alunos”. E vai mais além nas críticas, ao denunciar a redução de carga horária dos cursos e do número de professores.

Por fim, se esse episódio serviu para alguma coisa, foi colocar em evidência, mais uma vez, a farsa do Escola Sem Partido, que insiste em acusar professores. Afinal, quem é mesmo ideológico nessa história?

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