Educação básica

SinproSP participa de protesto contra o grupo Vitamina

Atualizada em 23/10/2023 10:13

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"Chileno ladrão, não paga rescisão! Oh, Vitamina! Para de roubar e com a Educação vocês não sabem trabalhar". Com essas palavras de ordem, o SinproSP esteve ao lado de professores, funcionários, pais de alunos, fornecedores e antigos donos das escolas para protestar contra a holding chilena Vitamina e exigir o pagamento imediato de todas as dívidas, trabalhistas e comerciais. A manifestação foi realizada na manhã de domingo (22), em frente ao consulado do Chile, na Avenida Paulista. Também estiveram presentes o deputado estadual Carlos e o vereador Celso Giannazi, ambos do Psol.

“A entrada do grupo Vitamina foi uma tragédia, que destruiu escolas e empregos. Estou nessa luta desde 2021 e sou testemunha da coragem das professoras e dos professores. Mas nós nunca desistimos e não vamos desistir até que o Sr. Alejandro seja responsabilizado e pague tudo o que deve”, disse a diretora do SinproSP, Silvia Barbara, referindo-se a Alejandro Bascuñán, CEO da holding, que mora no Chile. 

Silvia também mencionou a responsabilidade dos investidores, em especial a Península Participações, fundo de investimentos da família de Abílio Diniz, que tem Ana Maria Diniz como conselheira na área de investimentos em educação. Segundo a imprensa, Ana Maria teria influenciado na vinda do grupo chileno para o Brasil. Com o aporte de recursos, a Península tornou-se sócio do Vitamina, mas abandou o barco quando ele começou a afundar. “Hoje, todos lavam as mãos, como se não tivessem nenhuma responsabilidade”, afirmou a professora Silvia.

E para marcar essa relação, os manifestantes se deslocaram para a Fiesp e fizeram um apitaço, já Abílio Diniz é conselheiro da Fiesp.

“Nós queremos os nossos direitos, nós queremos que os investidores nos vejam e realmente vamos incomodar. Vamos incomodar o Vitamina, o Península , o Lightrock (outro fundo de investimento), pra conseguir o que a gente quer”, disse uma das vozes mais indignadas presentes ao ato.

O deputado estadual Carlos Giannazi e o vereador Celso Giannazi, ambos do Psol, permaneceram todo o tempo no ato, juntando-se ao coro de protesto contra o Vitamina. 

Como membro da Comissão de Educação da Câmara Municipal, o vereador Celso Giannazi entrou com requisição para uma audiência pública e procurará as delegacias regionais de Educação pedindo que as escolas sejam fiscalizadas. Uma das principais denúncias do SinproSP e dos professores refere-se à falta de condições de higiene e de insumos básicos como produtos de limpeza e papel higiênico, escassez de material de trabalho

“Nós não vamos nos calar enquanto todos vocês não forem indenizadas, porque foi um golpe milionário contra todos os profissionais de educação, os pais e as crianças, que foram as mais prejudicadas”, afirmou o deputado Carlos Giannazi. 

Esse grupo de pessoas tão diferentes, mas unidas num mesmo objetivo, começou a se formar na audiência pública na Assembleia Legislativa, realizada dia 29 de agosto. O ato de 22 de outubro foi o primeiro de uma série de outras ações. Afinal, a frase mais ouvida no ato foi “desisitir, jamais”. 
 

Grupo Vitamina: uma farsa de altíssimo custo

O SinproSP tem atuado junto às professoras e professores das escolas compradas pelo grupo Vitamina desde 2021, quando eles foram comunicados de que passariam a ser tratados como “educadores” e perderiam todos os direitos coletivos da Convenção Coletiva de Trabalho. 

A recusa em reconhecer direitos coletivos dos professores foi apenas a ponta de uma tragédia que, até agora, só fez aumentar. Passados quase três anos, as acusações do SinproSP e dos professores contra o Vitamina são gravíssimas: desrespeito à legislação trabalhista, práticas antissindicais, manipulação das demissões e não pagamento de verbas rescisórias, e adoção de uma política deliberada de destruição das escolas. Faltam insumos básicos, alimentos destinados às crianças, material de trabalho. Em uma das escolas, a Enel apareceu às 11h da manhã para cortar a energia por falta de pagamento. Naquele dia, havia 82 crianças na escola!

O SinproSP tem entrado com ações individuais de professores na Justiça do Trabalho, preparou um longo memorial com registro de tudo o que foi feito em todos esses anos, levou o caso ao Ministério do Trabalho e ao Ministério Público do Trabalho (este último, surpreendentemente, desmembrou a denúncia em quatro e arquivou todas elas!).

A partir de 2022, ficou claro que essa destruição era a preparação da saída da holding do país, sem pagar o que deve e sem justificar o que foi feito do aporte de recursos dos investidores (estima-se que quase US$ 80 milhões). 

No dia 20 de outubro último, o jornal Valor Econômico publicou matéria afirmando que as escolas estavam sendo fechadas sem o pagamento de ninguém. A notícia não foi desmentida, o que comprova que a intenção do grupo é retirar-se do país, deixando um rombo estimado em R$ 100 milhões, segundo alguns advogados que atuam com ex-proprietários das escolas.
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